Na terça-feira passada, durante a gravação do DVD da cantora Mara Maravilha, ninguém estava mais pimpão do que Regis Danese, produtor do show. O intérprete mineiro desfilava com a mulher, grávida de seis meses, numa prova de sua redenção: o casamento, que estava em crise, ganhou uma segunda chance depois que o cantor virou evangélico.
Ele deu entrevistas a rádios e TVs e esperou pacientemente pela chegada de Mara para apresentar sua nova composição. Ex-sertanejo e ex-pagodeiro, Danese, de 35 anos, deixou uma carreira de sucesso para trás, em nome da religião. Gravou dois discos religiosos que não venderam e foi esnobado por artistas do segmento divino. Até que a balada Faz um Milagre em Mim estourou nas rádios evangélicas e católicas. "Hoje até o padre Marcelo canta minhas músicas", orgulha-se.
POP COM RECATO - Aline Barros
A cantora Aline Barros destoa do estereótipo da mulher evangélica. Ela não prende os cabelos, muito menos usa saias até os calcanhares.
Com 50 quilos distribuídos em 1,60 metro, olhos castanhos e uma farta cabeleira, a carioca Aline, 32 anos, pinta o rosto, anda sempre perfumada e a balança é seu purgatório. No almoço com a reportagem de VEJA, ela beliscou um pequeno bife com fritas e dispensou a sobremesa. "Doce, só no fim de semana."
Mas a vaidade, claro, obedece a um mínimo de decoro. Saias e bermudas devem estar na altura dos joelhos, e vestidos de alcinha são cobertos por um casaquinho. Aline é casada com o ex-jogador de futebol Gilmar, do São Paulo. Eles são pais de Nicolas, de 6 anos. "Nós, evangélicos, somos pessoas normais que simplesmente decidiram viver para Jesus de forma linda. Para mim, isso é um privilégio."
CABELUDOS E TATUADOS, MAS BONS MENINOS
Um conselho para quem depara com os integrantes do Oficina G3: desconsidere as tatuagens, os cabelos compridos e o som pesado, que fazem com que o grupo angarie fãs até entre os adoradores do Metallica. Juninho Afram (guitarra), Duca Tambasco (baixo), Jean Carllos (teclados) e Mauro Henrique (vocais) são bons meninos. Tanto que levam mulher e filhos para os ensaios.
O quarteto, que existe há vinte anos, tem uma postura aberta. Divide o palco com católicos e até com grupos chegados a um misticismo – em 2001, eles tocaram no Rock in Rio, na mesma noite que o Iron Maiden. E Depois da Guerra, seu mais recente CD, foi produzido por Marcello Pompeu e Heros Trench, do cavernoso grupo de rock Korzus.
"Pompeu e Trench não mexeram no nosso discurso. E são boas pessoas, seja lá qual for a religião deles", diz Carllos. A banda vende em média 150 000 cópias de cada disco, mas não há prece que lhe dê chance nas FMs. "
"Um locutor chegou a dizer que nem recebendo jabá tocaria uma banda que falasse em Deus", afirma Afram.
UMA IVETE SANGALO MOVIDA A ORAÇÃO.
Fernanda Brum é uma artista de opiniões fortes. Por exemplo, ela odeia revelar quantos discos já vendeu. "Não conto moedas, penso apenas nas almas que salvei."
Militante antiaborto, ela se decepcionou com Barack Obama ao saber que o presidente americano anulou as restrições ao financiamento de grupos pró-escolha.O ativismo de Fernanda tem também um fundo pessoal.
A cantora sofreu quatro abortos espontâneos, e a gestação de Isaac, seu único filho, foi repleta de dificuldades. Quando fala de Isaac, por alguns momentos seu olhar se suaviza e ela abre um sorriso largo. Filha de pais evangélicos, Fernanda, que tem 32 anos e uma voz que lembra muito a de Ivete Sangalo, cantava música popular brasileira. Converteu-se após assistir a um show de um grupo religioso. "Comprei todos os discos deles e cancelei a peça em que iria atuar e o álbum pop que iria gravar", conta.
Artigo da revista Veja - http://veja.abril.com.br/040209/p_120.shtml
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