"Dai-me cem pregadores que nada temam senão o pecado, e nada desejam senão a Deus, e não me importaria se fossem clérigos ou leigos. Com eles eu sacudiria as portas do inferno e estabeleceria o Reino de Deus na terra."


John Wesley

17 de mai. de 2009

John Wesley e o Movimento Metodista

"Se teu coração é como meu, dá-me tua mão." - John Wesley

Imagine um país numa profunda crise social, operários e mineiros trabalhando 16 horas por dia por um salário de fome.

Imagine milhares de crianças em idade escolar, trabalhando e morrendo de chagas e frio.
Imagine, por outro lado, uma casta de nobres a quem se outorgou o poder sobre os meios de produção e sobre seres humanos...e sobre todos esses, o poder de conceder e privar todos os seres viventes dos meios de subsistência: direito único do Rei...

Nesse contexto foi que surgiu o Movimento Metodista. Deu-se na Inglaterra, no começo do século XVIII, quando um grupo de estudantes da Universidade de Oxford, sob a liderança dos irmãos e professores John e Carlos Wesley, passaram a se reunir para o cultivo da piedade cristã, através da leitura da Bíblia, da prática da oração, do jejum, da visita aos presos e aos enfermos. João Wesley iniciou o Metodismo com o intuito de fortalecer e renovar o espírito cristão daqueles que comungavam junto à religião oficial Anglicana. Esse grupo, conhecido inicialmente como "Clube Santo", marcou sua identidade pelo método: dias fixos para praticar o jejum, hora certa para a leitura da Bíblia e oração, dia de visitar os presos, etc...Por causa dessa organização, esse grupo foi "apelidado" de Metodistas, quer dizer, aqueles que têm método.

Profundamente comprometido com os fundamentos da fé Cristã, John Wesley dedicou todos os dias de sua vida aos estudos da Bíblia, relacionando-os a sua própria experiência com Cristo. Por isso sua teologia é uma experiência de Deus, antes de um "entendimento" deste. Para ele o amor e a misericórdia são inseparáveis do viver santo.

"O evangelho de Cristo não conhece religião, que não seja religião social; Não conhece santidade, que não seja santidade social.". (John Wesley)

John Wesley tentou sempre vivenciar na prática o que dizia. Esse compromisso o levou a renunciar aos poucos trocados que tinha para se aquecer no inverno, visando pagar uma professora que educava crianças de rua.

John Wesley registrou em seu diário, na data de 24 de maio de 1738, a experiência religiosa de ter seu coração estranhamente aquecido, ou seja, uma manifestação emocional sinalizadora de sua comunhão com Deus. Essa data tem servido como referência para os metodistas, em geral, por demonstrar que a integração entre religiosidade individual e desenvolvimento de ações concretas na sociedade é entendida como a proposta de Deus para sua Igreja.

O envolvimento do metodismo com as questões relevantes da sociedade é uma marca que o acompanha desde seu início. A humanização dos presídios, o combate à escravidão, a luta por salários dignos para os operários, o fornecimento de ensino básico para as crianças pobres, distinguiram os metodistas quando ocorreu a assim chamada Revolução Industrial, na Inglaterra.

Por ter surgido num ambiente universitário, o metodismo compreendeu cedo a importância de se promover a educação como instrumento para a melhoria da qualidade de vida, tanto do indivíduo quanto da sociedade. Assim é que, em 1748, John Wesley fundou a Kingswood School, que foi a primeira expressão formal metodista de seu cuidado por atender às necessidades educacionais das crianças.

Várias famílias que se instalaram nas 13 Colônias da América do Norte, levaram os valores do metodismo para a terra que veio a ser os Estados Unidos da América. Quando estes conquistaram a sua independência política, acharam por bem se desvincular também da chefia religiosa exercida pelo monarca britânico. Assim foi criada a Igreja Metodista Episcopal, em 1784. Na Inglaterra, somente após a morte de John Wesley, o metodismo se constituiu como denominação independente em relação à Igreja Anglicana.

Os primeiros metodistas que vieram ao Brasil foram os missionários norte americanos Fountain Pitts, em 1835, e Justin Spaulding, em 1836. No entanto, essa primeira tentativa de estabelecimento em terras brasileiras não foi coroada de sucesso. Apenas a partir de 1867, novos missionários foram enviados, marcando uma nova época e a certeza de que o metodismo veio para ficar. Escolas passaram a ser criadas. Primeiramente em Piracicaba - SP, depois em Juiz de Fora - MG, Rio de Janeiro - RJ, e em várias cidades do Rio Grande do Sul, pelo Brasil a fora, enfim. A compreensão daqueles homens e mulheres era que, pela via da educação, o metodismo estaria contribuindo para a formação das elites brasileiras. Estas, por sua vez, estenderiam aquela influência a outras parcelas da sociedade.

No dia 24 de maio se comemora o Dia do Metodismo Mundial em alusão a experiência religiosa de John Wesley que aconteceu na Rua Aldersgate, em Londres quando ele sentiu o "coração estranhamente aquecido". Certamente a emoção fez parte dessa experiência, nesse momento, segundo ele, houve uma íntima ligação entre sua experiência religiosa e a sua doutrina.

Daquele tempo pra cá o Movimento (hoje Igreja) Metodista cresceu ao redor do mundo, sua doutrina está mais próxima do coração e sua ação nutre-se na certeza da salvação. Sua mensagem vem da comunhão de todos os corações e vai, junto ao Evangelho, trabalhar para a construção do Reino de Deus.

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