"Dai-me cem pregadores que nada temam senão o pecado, e nada desejam senão a Deus, e não me importaria se fossem clérigos ou leigos. Com eles eu sacudiria as portas do inferno e estabeleceria o Reino de Deus na terra."


John Wesley

26 de abr. de 2009

Testemunha de Jeová - A QUESTÃO DO SANGUE E A BÍBLIA.

O que devo fazer?



Meu filho está respirando com muita dificuldade. Sua contagem sangüínea está perigosamente baixa. Seu ritmo cardíaco já é de 200p/min, e está aumentando.




Os médicos nos disseram que se não houver uma transfusão, ele morrerá de insuficiência respiratória e parada cardíaca. Expansores de plasma não ajudarão a esta altura, ele precisa de mais glóbulos vermelhos. Horrivelmente pálido e com os olhos muito abertos, ele olha para mim e sussurra: “Ajude-me, papai”.


Devo deixar meu filho morrer, baseado na palavra de uma organização que tem freqüentemente mudado sua opinião sobre transplante de órgãos, vacinas, deveres civis?




Devo deixar meu filho, a minha criança, morrer?



É isto realmente que Jeová espera que eu faça? Como me sentirei se a proibição do sangue finalmente se tornar apenas mais uma velha doutrina da STV (Sociedade Torre de Vigia)? Serei capaz de me perdoar?




Esse deve ter sido o dilema na mente de algumas testemunhas-de-jeová quando teve de se deparar com a necessidade clínica da transfusão ou reposição sangüínea.




Quando a transfusão de sangue foi proibida pelo Corpo Governante, grupo de lideranças internacionais das testemunhas-de-jeová, a vacinação e a inoculação de soros já eram proibidas.



Com base em Atos 15.20,29, “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue...”, afirmaram que a transfusão de sangue também era antibíblica, pois era o mesmo que comer o sangue.




Como tudo que é definido arbitrariamente por esse grupo de “teólogos”, esse ensinamento absurdo também foi amplamente aceito e divulgado inquestionavelmente pelos membros dessa seita em todo o mundo, gerando forte reação por parte da classe médica e das autoridades governamentais. Mas nada disso fez que mudassem de opinião.




Basicamente, a STV (Sociedade Torre de Vigia), sede mundial das testemunhas-de-jeová no Brooklin (EUA), argumentou este ensinamento da seguinte maneira: “Um paciente no hospital pode ser alimentado pela boca, pelo nariz ou pelas veias. Quando soluções de açúcar são dadas por via intravenosa, isso é chamado alimentação intravenosa. Portanto, a própria terminologia do hospital reconhece como alimentação o processo de colocar nutrição em nosso sistema pelas veias. Conseqüentemente, o enfermeiro que administra a transfusão está alimentando o paciente com sangue por via intravenosa, e o paciente que recebe o sangue está comendo pelas veias”(The Watchtower (A Sentinela) – 1º de julho de 1951, p. 415 – em inglês).



Atualmente, a STV traz o mesmo ensinamento, estabelecendo entre seus membros (sócios) que toda a recepção interna de substância orgânica de outro ser vivo, inclusive o sangue, não difere em nada de qualquer refeição feita naturalmente por via oral.



Outra analogia que usam para estabelecer a idéia de que a transfusão intravenosa é o mesmo que a ingestão de sangue diz: “Algumas pessoas podem raciocinar que receber uma transfusão de sangue realmente não é comer. Mas não é verdade que quando um paciente está impossibilitado de comer pela boca, os médicos freqüentemente alimentam-no pelo mesmo método que uma transfusão de sangue é administrada? Examine as Escrituras cuidadosamente e note que elas nos dizem para nos mantermos livres de sangue e nos abstermos de sangue (At 15.20, 29). O que significa isso? Se um médico lhe dissesse para se abster de álcool, será que isso significaria simplesmente que você não deveria tomar álcool pelo meio natural, ou seja, pela boca, mas que poderia transfundi-lo diretamente nas suas veias? É claro que não! Assim também se abster de sangue significa não introduzi-lo nos nossos corpos de modo nenhum” ( The Watchtower (A Sentinela) – 1º de junho de 1969, pp. 326-327 - em inglês).



Uma pessoa desavisada que for abordada com essas argumentações e exemplos, certamente ficará muito confusa e será facilmente seduzida, pois parecem muito racionais. Mas se submetermos esses argumentos a uma contra-refutação, logo perceberemos o quanto são frágeis e desprovidos de lógica e honestidade intelectual.



Vejamos: Vamos considerar dois pacientes em um hospital. Um deles com grave desnutrição e o outro, vítima de um terrível acidente no qual perdeu muito sangue. Se transfusão de sangue é o mesmo que alimentação via oral, ou vice-versa, conforme afirmam as testemunhas-de-jeová, poderia um médico salvar esses pacientes ministrando uma rica e equilibrada refeição ao acidentado e uma vigorosa transfusão de sangue ao pobre desnutrido? É obvio que não!




Qualquer médico de bom e são juízo, submeteria a vítima de acidente a uma imediata reposição sangüínea e ao paciente desnutrido seria ministrada uma alimentação rica em nutrientes necessários à sua reabilitação física.



Isso prova definitivamente que transfusão intravenosa não é o mesmo que ingestão via oral, como fazem parecer as testemunhas-de-jeová. O sangue, pelo sistema circulatório, leva a todos os órgãos do corpo humano oxigênio e nutrientes vitais, indispensáveis à vida, mas não pode substituir os alimentos digeridos pelo processo digestivo natural. (veja em nosso site-www.icp.com.br simulação da circulação sangüínea - esta matéria também é retirado deste site).



O Corpo Governante adotou ainda o argumento do médico Jean Baptiste Denys, do século XVII, um dos pioneiros na técnica de transfusões, que se pronunciou da seguinte forma:“Ao realizar uma transfusão, isso nada mais é do que nutrir por meio de um caminho mais curto do que o normal, ou seja, colocar nas veias sangue já feito em vez de tomar alimento, que só depois de várias mudanças se transforma em sangue” (The Watchtower (A Sentinela) – 15 de setembro de 1961, p 558 - em inglês0.



A citação de Denys, todavia, não encontra hoje sequer apoio entre os médicos ligados à STV, visto que o juramento que se faz quando se conclui um curso de medicina isenta o formando de quaisquer vínculos religiosos, restando-lhe apenas responder da forma mais responsável possível pelas vidas que lhe forem confiadas no transcurso de sua carreira que será fatalmente quebrada se obedecerem tal determinação da STV. Ou seja, em vez de salvarem uma vida, poriam a mesma a perder. Qualquer pessoa sabe que para o sangue se tornar alimento deve ser ingerido como tal, ingressando no organismo pela boca, descendo até o aparelho digestivo, onde será processado e transformado, em sua parte proveitosa, em nutrientes. Efeito que não se alcança na transfusão intravenosa.




Todos esses absurdos engendrados pelo Corpo Governante formaram um obstáculo quase que intransponível na história das Testemunhas de Jeová, uma vez considerada a hipótese de se extinguir tal doutrina, como ocorreu no passado com a proibição da vacina e do transplante de órgãos, agora liberados.




Obviamente, quando isso acontecer, a STV se defrontará com um colapso sem precedentes entre seus membros em todo o mundo. Dada tamanha problemática, não é de se estranhar a ânsia encontrada nas publicações das Testemunhas de Jeová sobre a possibilidade, hoje real, da confecção de sangue artificial.



O que foi permitido e o que foi proibidoPara que possamos entender melhor esse assunto, analisaremos, a seguir, detalhadamente, todo o processo no tocante a esta questão da transfusão e o quanto há de contradições no mandamento da STV. Abaixo, a tabela composta pelas Testemunhas de Jeová sobre a composição do sangue:




Os principais componentes do sangue (Despertai, 22 de outubro de 1990. (falta pagina) .



• Plasma: Cerca de 55% do sangue. É constituído por 92% de água, o resto é constituído por proteínas complexas, tais como globulina, fibrinogênio e albumina.
• Plaquetas: cerca de 0.17% do sangue.
• Glóbulos Brancos: cerca de 1%.• Glóbulos Vermelhos: cerca de 45%.




Assim, o Corpo Governante passa a classificar as substâncias contidas no sangue como maiores ou menores, o que, notadamente, revela a forma arbitrária e irresponsável com a qual a STV trata seus seguidores.




Fica claro, ainda, que este “escape” teve de ser providenciado para que se reduzisse o número de baixas entre seus seguidores. Tal “providência”, obviamente, foi tomada de forma sutil para não despertar a indignação dos inúmeros adeptos da seita que, por obediência aos dirigentes internacionais, sepultaram muitos entes queridos, os quais não teriam morrido se não houvesse tão equivocada interpretação.



1. A questão do plasma



A inconsistência da política doutrinária da STV quanto a componentes aceitáveis e não aceitáveis é bem ilustrada pela sua política quanto ao plasma. Como se pode ver nas informações extraídas da edição de 22 de outubro de 1990 da revista Despertai! (ver p. 49), o plasma constitui cerca de 55% do volume do sangue. Evidentemente, segundo o critério do volume, é colocado na lista de “componentes maiores”, assim proibidos pela Torre de Vigia.




No entanto, o plasma é formado por 92% de água simples, o que nos leva a perguntar: quais são os componentes dos aproximadamente 8% restantes? Os principais são albumina, globulina (da qual as imunoglobulinas são as partes mais importantes), fibrinogênio e fatores de coagulação (usados nas soluções hemofílicas). Estes são precisamente os componentes que a organização põe na lista dos que são permitidos aos seus membros!




Veja leitor o absurdo! O plasma, como um todo, é proibido, apesar de seus componentes principais serem permitidos, desde que sejam introduzidos no corpo separadamente.




É como se alguém fosse proibido pelo médico de comer sanduíches de queijo e presunto, mas se separar os componentes do sanduíche, ou seja, o pão, o queijo e o presunto, então poderá comê-los. Uma lógica que apenas as vítimas da STV conseguem aceitar.



2. A questão dos leucócitos



Os leucócitos, muitas vezes chamados de “células brancas do sangue” (glóbulos brancos), também são proibidos. Na realidade, o termo “células brancas do sangue” é muito relativo, pois a maioria dos leucócitos existe de fato fora do sistema sangüíneo. O nosso corpo contém aproximadamente 2 a 3 quilos de leucócitos, e apenas cerca de 2 a 3% dos leucócitos estão no sistema sangüíneo. A porcentagem restante (cerca de 97% a 98%) está espalhada por todo o tecido do corpo, formando o sistema de defesa (ou imunológico).




Dado tal aspecto e considerando que a STV passou a autorizar o transplante de órgãos, há nessa mudança de opinião outra contradição, uma vez que, em um transplante, o paciente pode receber muito mais leucócitos do que em uma transfusão de sangue.




A ausência de quaisquer bases morais ou lógicas para essa proibição é também vista no fato de o leite humano conter leucócitos, e, de fato, há mais leucócitos em um litro de leite do que se pode encontrar em um litro de sangue. O sangue contém de 4 a 11 mil leucócitos por milímetro cúbico, enquanto o leite materno pode conter, durante os primeiros meses de aleitação, até 50 mil leucócitos por milímetro cúbico. Isto representa entre cinco a doze vezes mais do que a quantidade presente no sangue. E agora? Os bebês das testemunhas-de-jeová também mamam.




3. A proibição ao armazenamento de sangue



Outra contradição gritante é o fato de a STV utilizar a lei de Moisés como fundamento para proibir a reposição de sangue. Com base em Deuteronômio12.16, afirma que todo o sangue deve ser derramado no chão, e que é contrário à Bíblia o seu armazenamento, como acontece nos respectivos bancos de coletas.




Diante dessa questão, considere agora os fatos seguintes com respeito aos componentes do sangue aceitos pela STV, ela cai em sua própria armadilha:




• Componente Albumina – A albumina permitida pelas testemunhas-de-jeová é usada principalmente em tratamentos relacionados com queimaduras e hemorragias graves. Uma pessoa com queimadura de terceiro grau em 30% a 50% do corpo, necessita de 600 gramas de albumina. São necessários entre 10 e 15 litros de sangue para produzir essa quantidade




.• Componente Imunoglobina – A situação é semelhante no caso da imunoglobina (anticorpos). Para produzir anticorpos em quantidade suficiente para uma vacina que as pessoas (incluindo as testemunhas-de-jeová) que viajam para certos lugares devem tomar como proteção contra a cólera, são necessários perto de 3 litros de sangue como fonte do fornecimento. Isto é ainda mais sangue do que geralmente se emprega em uma transfusão. E, de novo, os anticorpos são extraídos de sangue armazenado.




• Componentes preparados hemofílicos – Por último, os preparados hemofílicos. Antes de essas substâncias começarem a ser usadas, o tempo médio de vida de um hemofílico, na década de 40, era 16 anos e meio. Hoje, graças a essas substâncias derivada do sangue, um hemofílico pode alcançar o tempo normal de vida. Para produzir essas substâncias, estima-se que são necessários 100 mil litros de sangue armazenado.




Perguntamos, então: porque a STV aceita que seus membros se beneficiem desses tratamentos, uma vez que, para isso, são utilizadas grandes quantidades de sangue armazenado, doado voluntariamente por milhares de pessoas movidas simplesmente por um ato de solidariedade, gesto este não repetido por nenhuma testemunha-de-jeová? Isso é justo?
Dando as costas para Deus?



A publicação das testemunhas-de-jeová intitulada Raciocínios à base das Escrituras, quando apresenta seus argumentos quanto à transfusão de sangue, descrevendo o tratamento que deve ser dado àqueles que os indagam dizendo: “O que fará se um médico disser: Morrerá se não tomar transfusão”, sugere como resposta: “Se a situação for realmente tão grave, poderá o médico garantir que ele não morrerá se tomar sangue? [...] Mas há alguém que pode restituir a vida à pessoa, e esse é Deus. Não acha que, quando a pessoa enfrenta a morte, seria uma péssima decisão dar as costas a Deus, violando a sua lei? Eu tenho realmente fé em Deus, e você?” ( Raciocínios a base das Escrituras. STV. 1985, p. 348).



O próprio Jesus Cristo deu exemplo de uma pessoa que, para não desfalecer faminto, transgrediu a Lei e ficou sem culpa. Trata-se de Davi. Ao chegar ao sacerdote Aimeleque, ele e seus companheiros tomaram dos pães da proposição (os quais, segundo Marcos 2.25-26, não era lícito que Davi e seus homens comessem - 1Sm 21.6) e rememoraram a Lei descrita em Levítico 24.5-9.




Ainda na referida obra, Raciocínios à base das Escrituras, sugerem o seguinte como resposta: “Isso talvez signifique que ele não saiba tratar do caso sem uso de sangue. Quando possível, procuramos pô-lo em contato com um médico que tenha a experiência necessária, ou então procuramos outro médico”. (Raciocínios a base das Escrituras. STV. 1985, p. 348).




Como é sabido, a inobservância das diretrizes ditadas pela STV implica em sérias punições para seus sócios, o que acaba levando muitos deles a tomarem atitudes que beiram à loucura, quando seguem rigorosamente essas normas.




Baseada na hipótese de o receptor correr o risco de contaminação pelo vírus HIV na transfusão e/ou reposição sanguínea, amedronta ainda mais seus membros. A exploração apelativa dessa remota possibilidade tem afetado, não somente entre seus seguidores, mas na sociedade como um todo, a boa vontade e caridade de muitos que sinceramente desejam ajudar seu semelhante, doando daquilo que possui como bem físico maior.



Alguns artigos destacados pela organização das testemunhas-de-jeová: “O sangue tornou-se um negócio de dois bilhões de dólares por ano. A busca de lucros relacionados com ele resultou numa gigantesca tragédia na França. Sangue contaminado com o vírus HIV causou a morte de 250 hemofílicos por doenças ligadas à AIDS, e centenas mais foram infectados”. (The Boston Globe, 28 de outubro de 1992, p. 4).



“Uma aliança maligna de negligência médica e ganância comercial levou à morte cerca de 400 hemofílicos alemães, e pelo menos mais 2000 foram infectados com sangue contaminado com o HIV”. (Guardian Weekly, 22 de agosto de 1993, p. 7)


“O Canadá teve também o seu escândalo do sangue. Estima-se que mais de 700 hemofílicos canadenses tenham sido tratados com sangue infectado com o HIV. O governo foi alertado em julho de 1984 de que a Cruz Vermelha estava distribuindo sangue contaminado com AIDS a hemofílicos canadenses, mas os produtos de sangue contaminado só foram retirados do mercado um ano depois, em agosto de 1985”. (The Globe and Mail, 22 de julho de 1993, p. A21, e The Medical Post, 30/03/1993, p. 26 em Despertai!, 22 de maio de 1994, p. 31)



Poderíamos, então, perguntar a uma testemunha-de-jeová: por que você teme tanto esse risco de contaminação? Não foi você mesma que afirmou, minutos atrás: “...Eu tenho realmente fé em Deus...”? (Raciocínios a base das Escrituras. STV. 1985, p. 348).




Para demonstrar o quanto é falso esse temor induzido pela STV em seus membros, apresentamos na página seguinte o quadro comparativo do grau de risco fatal que se encontra na transfusão e em outros procedimentos médicos:




Como se nota, uma dose de antibiótico à base de penicilina para tratar uma mera infecção de garganta pode, caso não haja a prudência do teste prévio, levar o organismo a uma reação fatal ou a seqüelas, um risco 22 vezes maior do que o ato de transfusão de sangue, o que demonstra mais uma incoerência das Testemunhas de Jeová.




O veredicto bíblico



Com a finalidade de proibir a transfusão e a reposição de sangue, a STV faz uso indevido de Gênesis 9.4: “Somente a carne com sua alma – seu sangue – não deveis comer”, e Atos 15.20: “Mas escrever-lhes que se abstenham das coisas poluídas por ídolos, e da fornicação, e do estrangulado, e do sangue”. Versículos que tratam da proibição do uso de sangue animal na alimentação, afirmando que aceitar sangue de qualquer modo é o mesmo que comê-lo. Todavia, o contexto desses versículos esclarece que jamais poderia ele ser usado isoladamente para a discutida finalidade. Aos cristãos ficou apenas estabelecido que se abstenham do uso de sangue como comida.




Esses versículos também sofreram uma interpretação errônea quando utilizados para proibir a vacinação, que permaneceu “fora do alcance” das testemunhas-de-jeová por muito tempo11. Mantiveram esse posicionamento por mais de 20 anos, quando então o aboliram em A Sentinela de janeiro de 1954, p.15.




Quanto ao transplante de órgãos, A Sentinela de 1 de junho de 1968, p. 349, considera esse procedimento médico tão repugnante quanto o canibalismo, uma prática comum entre os povos bárbaros.




Está suficientemente claro para qualquer leitor da Bíblia, por mais simples que seja, que as citações bíblicas de Atos 15.20, Gênesis 9.4 e Levítico 17.10-14 referem-se, em um primeiro momento, à proibição de comer sangue de animal. Jamais esteve em foco a idéia de comer sangue humano.




A Bíblia não permite o canibalismo, isto é, o ato de comer carne humana, muito menos o ato de comer sangue humano. E mesmo o conceito médico de alimentação endovenosa, utilizado pelas Testemunhas de Jeová, pode até ser “alimentar”, mas não é comer, o que escapa da proibição objetiva da Palavra de Deus.




Considere-se, ainda, que a técnica de transfusão ou reposição não se enquadra no ato de consumo intencional por parte daqueles que o fazem por meio dos gêneros alimentícios que levam sangue em sua receita, como no caso do chouriço (mistura de sangue suíno acrescido de açúcar). Um doador e um receptor jamais cogitam que o sangue doado será objeto de solução para famintos. Antes, terá o nobre propósito de salvar a vida daquele que se vê necessitado dele para fins estritamente medicinais.




Em uma consideração mais teológica, o motivo pelo qual Deus vetou aos homens o consumo de sangue está diretamente relacionado à santidade que este fluído possuía, em especial nos rituais sacrificais do tabernáculo, observando que a regra remonta aos tempos de Noé (Gn 9.4), quando se acha frisado que a vida do animal reside em seu sangue. Esta mesma santidade deriva do fato de que era o sangue que Deus exigia para si como forma de expiação de pecados. O sangue era apresentado no altar do Senhor.




Ainda neste âmbito, todo homem era obrigado a derramar o sangue de um animal que não prestasse para o sacrifício. Uma vez que todo o sangue fosse derramado no chão, deveria ser coberto com pó, conforme rege Levítico 17.13.




Em contestação aos conceitos da STV, encontramos nas palavras do Senhor Jesus, em João 15.13, uma contundente declaração de que, se assim for necessário, a própria vida de alguém deve, como prova de extremo amor, ser entregue por seus amigos, declaração que se acha anotada com semelhante teor na TNM, onde se lê: “Ninguém tem maior amor do que este, que alguém entregue a sua alma (vida) a favor de seus amigos”.




Essa expressão está em perfeita conformidade com toda a doutrina sacrifical descrita no Velho Testamento, quando, segundo a Lei, o transgressor, a cada pecado cometido, deveria apresentar ao sacerdote, de acordo com o seu erro, um animal que se encaixasse nas especificações da Lei Mosaica para que, por meio de sua morte, o derramamento do sangue pudesse atender ao propósito da expiação, pagando o animal pelo erro de seu ofertante, conforme ensina também o Novo Testamento: “Sim, quase todas as coisas são purificadas com sangue, segundo a Lei, e a menos que se derrame sangue, não há perdão” (Hb 9.22). Ainda nos vv. 16-18, atesta-se que há necessidade de o testador morrer para que seu testamento tenha validade, constatando-se no v. 18 que mesmo a primeira aliança foi sancionada com sangue.




Nesse aspecto, contrariamente à visão das testemunhas- de-jeová, a doação de sangue recebe, em toda sociedade, o mais alto conceito de sentimento de humanidade e amor ao próximo, características que devem ser obrigatoriamente encontradas entre os que se dizem cristãos.




No que diz respeito ainda às ações humanitárias, vemos Tiago, em sua epístola universal, reprovando duramente aqueles que, tendo consciência de suas responsabilidades, deixam de beneficiar seu semelhante com seus favores. Segundo o autor, pecam os que têm consciência do benefício que devem executar em favor de seu semelhante e não o fazem (4.7). Posição esta que se equipara à citação de Cristo na parábola do servo vigilante (Lc 12.35-48). A vontade de Jesus é que “amemos o próximo como a nós mesmos” (Mt 22.39).




Entendemos, portanto: não há nenhuma passagem bíblica que regulamente a questão de transfusão e reposição de sangue. Além disso, a própria Bíblia diz que “onde não há lei não há transgressão” (Rm 4.15).

Um comentário:

  1. Bem colocada a questão tão polêmica, acredito pecado é deixar de fazer o bem quando este está em nossas mãos. desde é claco que as leis de Deus sejam obedecidas.
    E não seria: Amar a Deus a cima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo?
    A paz de Cristo
    http://conectadocomjesus.blogspot.com
    Aguardo sua visita!

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